sexta-feira, 19 de julho de 2024

A RAINHA DO CANGAÇO

Eu agora vou narrar
Aqui nos versos que faço
A vida de uma mulher
Que conquistou seu espaço,
Após deixar seu torrão,
Ao lado de Lampião,
O Eterno Rei do Cangaço.

Mil, novecentos e onze,
No terceiro mês do ano,
Na Malhada da Caiçara,
Em pleno solo baiano,
Lá nasceu a Cangaceira
Maria de Oliveira
Por ordem do Soberano.

No dia oito de março,
Na linda cidade Glória,
Nasceu essa heroína,
Que fez sua trajetória,
Com amor e devoção,
Pra morrer com Lampião
E viver para a história.

Sua mãe era Maria
E seu pai era José,
Os mesmos nomes dos pais
De Jesus de Nazaré;
Porém teve outra sina:
Nasceu pra ser nordestina
E cangaceira de fé.

Aos quinze anos de idade,
Casou-se com Zé Miguel,
Honrando seu casamento
Na Igreja e no papel,
Mas Miguel, o sapateiro,
Não foi um bom companheiro,
Perdeu-a sendo infiel.

O casamento com brigas
Foi sempre fora do trilho;
Como José era estéril,
O casal não teve filho;
Conforme quis o destino,
Ela uniu-se a Virgulino,
O grande Rei do Gatilho.

Foi a primeira mulher
A ingressar no Cangaço,
Vivendo com Lampião
Oito anos em enlaço;
Seguindo-o na mesma trilha,
Deu à luz a uma filha
No belo Sertão de Aço.

Maria e Lampião
Já são história escrita;
Tiveram uma linda filha,
Que se chama Expedita;
Seu nome foi uma escolha,
Nasceu no Porto da Folha,
Criança meiga e bonita.

Expedita perdeu os pais,
Aos cinco anos de idade,
Lá na Grota de Angicos,
Numa pequena cidade;
Foi de cortar coração:
Maria e Lampião
Vítimas de crueldade.

Foi na Grota de Angicos
Que aconteceu a guerra:
Maria foi baleada,
O sangue escorreu na terra;
E a polícia agressiva
A degolou ainda viva
Na loca de uma serra.

Em Sergipe aconteceu
O massacre tão tirano:
Expedita ficou órfã
Por tão maléfico dano;
Maria e Lampião,
Com mais nove, em aflição
Tombaram naquele plano.

Maria hoje tem fama
Daqui para o estrangeiro;
É a Rainha do Cangaço,
Que deixou o sapateiro
Pra viver com Lampião
Até morrer no Sertão
Do Nordeste brasileiro.

Autor: Hosmá Passos.

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